Intenção de Consumo das Famílias cai em setembro, aponta CNC

Com retração na perspectiva profissional e acesso ao crédito, queda de 0,3% reflete pessimismo entre famílias de maior renda.

Da Redação
23/09/24 • 19h50

As famílias olham para o futuro com cautela, embora a perspectiva de momento seja boa. (Foto: Divulgação/ Governo do Ceará)

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou uma queda de 0,3% em setembro, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (23) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O recuo foi atribuído a uma piora na avaliação da perspectiva profissional, que caiu 0,4%, e ao acesso ao crédito, que teve retração de 1,3% no mês.

A pesquisa revelou que a queda foi mais acentuada entre as famílias de maior renda e o público masculino, segmentos nos quais houve uma deterioração das expectativas em relação ao mercado de trabalho e ao consumo futuro.

Apesar da redução, o indicador permaneceu em 103,1 pontos, acima do nível de satisfação e próximo ao maior patamar desde março deste ano, quando alcançou 104,1 pontos. Mesmo com uma leve alta de 0,4% na avaliação sobre o emprego atual, a desaceleração na criação de vagas e a incerteza econômica provocaram uma retração na perspectiva profissional.

“O saldo positivo do mercado de trabalho anima os consumidores no curto prazo, mas a cautela quanto ao futuro permanece”, afirmou José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac. Segundo a entidade, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho também registrou um aumento no volume de assalariados, com crescimento acumulado de 3,9% nos últimos 12 meses.

A pesquisa destacou ainda que o mercado de crédito foi impactado pela maior pressão inflacionária e incertezas fiscais, o que tornou o crédito mais restrito e levou a uma retração de 1,3% no subindicador que mede a satisfação com o acesso ao crédito. O aumento da inadimplência também pesou negativamente na avaliação do momento para compra de bens duráveis, que registrou queda de 1%.

Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, destacou que “com o cenário mais desafiador para o crédito e o aumento da inadimplência, o mercado se tornou menos acessível, especialmente para famílias de renda mais alta, que mostram maior retração na intenção de consumo.”

Em setembro, as famílias com renda superior a 10 salários-mínimos tiveram uma retração de 0,8% na intenção de consumo, enquanto as de menor renda registraram queda de 0,2%. A redução na perspectiva de consumo foi ainda mais acentuada entre as famílias de maior renda, com recuo de 2,5%, contra uma retração de 0,6% entre as de menor renda.

Ainda que mais otimistas quanto ao emprego atual, as famílias de menor renda mantêm cautela em relação ao futuro, com queda de 0,2% na perspectiva profissional.