
Fraudes contábeis nas Americanas superaram os R$ 25 bilhões
Dois ex-diretores chegaram a ser presos.
Da Redação
07/07/24 • 02h50

O Grupo Americanas, com quase um século de história, surpreendeu o país em janeiro do ano passado ao anunciar “inconsistências contábeis” de mais de R$ 20 bilhões. Essas inconsistências, desconhecidas de investidores, fornecedores, credores e trabalhadores, foram inicialmente atribuídas a operações de financiamentos de compras que deixaram a empresa devendo a instituições financeiras sem refletir essas dívidas adequadamente nas demonstrações financeiras.
Após o anúncio, o Grupo Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial para se proteger das cobranças imediatas de dívidas e preservar seus negócios e patrimônios. Meses depois, uma auditoria independente revelou que as inconsistências eram fruto de fraudes contábeis praticadas pela antiga diretoria, totalizando R$ 25,3 bilhões. Foram identificados contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC), usados para melhorar artificialmente os resultados operacionais da empresa.
Além disso, a empresa detectou operações de risco sacado, que consistiam na antecipação de pagamento a fornecedores através de empréstimos bancários. Essas operações não foram devidamente registradas na contabilidade, ocultando bilhões em dívidas. Segundo comunicado da empresa, esses financiamentos foram contratados sem as devidas aprovações societárias e inadequadamente contabilizados.
Ex-diretores da empresa são investigados pela Polícia Federal, com dois deles tendo prisão preventiva decretada e depois convertida em medida cautelar para impedir que deixem o país. A investigação segue sob sigilo. O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, divulgado em setembro de 2023, apontou que a dívida da empresa, já considerando as inconsistências contábeis, superava os R$ 42 bilhões.
A Americanas foi fundada em 1929 e expandiu seus negócios ao longo das décadas, tornando-se uma sociedade anônima na década de 40. Nos anos 2000, lançou-se na internet e adquiriu empresas como Shoptime, Ingresso.com e Submarino. Recentemente, a empresa anunciou o fim dos sites de venda Shoptime e Submarino, alinhando-se a uma nova estratégia de negócios focada em uma operação mais ágil e eficiente.
Essa mudança reflete o esforço contínuo da Americanas em adaptar-se ao mercado e superar os desafios financeiros e operacionais enfrentados nos últimos anos.