
Alta do dólar e gastos públicos pressionam inflação e preocupam Banco Central
Instituição alerta para possíveis elevações na taxa de juros para manter a inflação sob controle.
Da Redação
07/08/24 • 11h50

A recente alta do dólar e o impacto do aumento dos gastos públicos nas expectativas de inflação têm preocupado o Banco Central (BC) na definição de suas próximas ações de política monetária. Nesta terça-feira (6), o BC destacou que o cenário atual, com projeções inflacionárias mais elevadas e maiores riscos de alta nos preços, é desafiador. A instituição afirmou que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu manter a Selic em 10,5% ao ano pela segunda vez consecutiva, após um ciclo de sete reduções de agosto de 2023 a maio de 2024. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de setembro.
O Copom ressaltou a necessidade de “ainda maior cautela e acompanhamento diligente dos condicionantes da inflação”. O comitê avaliará a melhor estratégia para garantir que a inflação atinja a meta de 3% no horizonte relevante, que corresponde ao primeiro trimestre de 2026.
Em junho, a inflação no país foi de 0,21%, influenciada principalmente pelo grupo de alimentação e bebidas, após registrar 0,46% em maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 4,23% nos últimos 12 meses, ainda acima da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
De acordo com o BC, as recentes mudanças em fatores que influenciam a inflação, como as expectativas inflacionárias e a taxa de câmbio, foram amplamente discutidas na última reunião do Copom. O comitê destacou a importância de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida para ajudar a ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros.
O cenário internacional também se mantém adverso, com menor sincronia nos ciclos de queda dos juros em países avançados e fluxos de capital globais marcados por aversão ao risco. Essas condições contribuem para a volatilidade do mercado e pressionam a taxa de câmbio nos países emergentes.
A Selic, principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação oficial medida pelo IPCA, passou por um ciclo de aperto monetário de março de 2021 a agosto de 2022, quando foi elevada por 12 vezes consecutivas. A taxa foi mantida em 13,75% ao ano de agosto de 2022 a agosto de 2023. Com o controle dos preços, o BC realizou sete cortes consecutivos na Selic até maio de 2024.
Antes do ciclo de alta iniciado em março de 2021, a Selic foi reduzida para 2% ao ano, o menor patamar da história, para estimular a produção e o consumo em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19.