As chuvas mais intensas ocorreram entre fevereiro e março, contribuindo significativamente para o desvio positivo. Em fevereiro, o desvio foi de quase 100%, enquanto em março foi de 13%. Apesar do bom desempenho, a região central do estado, incluindo o Sertão Central e Inhamuns, teve chuvas relativamente escassas, ao contrário do Litoral de Fortaleza, que acumulou 1.253,2 mm, 51,2% acima da média.
A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), influenciada por águas mais quentes no Atlântico Tropical, foi o principal fator para as chuvas expressivas. Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme, destacou a condição anômala no Atlântico como um fator atípico que influenciou as precipitações no estado.
Em janeiro, a Funceme havia previsto uma maior chance de precipitações abaixo da normalidade, devido à influência do El Niño, que historicamente reduz as chuvas no Ceará. No entanto, as chuvas concentradas no início da quadra e no norte do estado superaram essas expectativas. Nos meses de abril e maio, algumas áreas do Ceará, como Jaguaribana, Cariri e Sertão Central e Inhamuns, tiveram precipitações abaixo da normalidade.
O aporte hídrico também foi positivo. Atualmente, 44 açudes estão sangrando e 37 têm volumes acima de 90%, com os melhores índices nas bacias Metropolitana, Curu e Litoral. O Castanhão, principal açude do estado, iniciou a quadra com cerca de 24% do seu volume total e agora está com 36%.
Apesar dos bons resultados, é necessário manter a prudência devido ao caráter semiárido da região. Segundo Yuri Castro, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), “Nem sempre chuva resulta em aportes. As chuvas, mesmo na média ou até acima da média, carecem de constância e precisam cair no lugar certo para gerar escoamento e, consequentemente, aportes”.