Galípolo defende exclusão do Banco Central da definição da meta de inflação

Diretor de política monetária sugere que definição da meta de inflação fique sob responsabilidade dos ministérios.

Da Redação
14/10/24 • 17h30

Galípolo assume o Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), defendeu hoje que a definição da meta de inflação no Conselho Monetário Nacional (CMN) seja responsabilidade exclusiva dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Durante o evento Itaú BBA Macrovision, em São Paulo, ele destacou que a função do Banco Central deve ser a execução das metas estabelecidas, sem interferir na decisão.

“O Banco Central não deveria nem votar no CMN na determinação da meta que ele mesmo tem que perseguir. A meta é estabelecida pelo CMN, e o papel do BC é definir a taxa de juros necessária para alcançá-la”, afirmou Galípolo.

Galípolo destacou que o crescimento econômico tem superado as expectativas, mesmo com juros em patamares restritivos, comparando as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) à recalibração constante de aplicativos de transporte. “Iniciamos com uma estimativa, e o cenário muda continuamente até o último momento”, exemplificou.

Ele ressaltou que, apesar da expectativa de desaceleração, o crescimento permanece robusto, com o hiato do produto se mantendo positivo.

Galípolo frisou que o Banco Central mantém uma postura conservadora na política monetária, especialmente devido às condições do mercado de trabalho. “Adotamos mais cautela porque um mercado de trabalho apertado sugere um processo de desinflação mais lento e custoso”, explicou.

Ele reconheceu que as expectativas de inflação ainda estão desancoradas, mencionando que isso se deve a fatores como a credibilidade, a viabilidade da meta contínua e as perspectivas econômicas. Galípolo reforçou que o BC está comprometido em alcançar a meta de 3%, ajustando a política conforme necessário. “O Banco Central persegue sua meta, independentemente das variáveis que não controla”, concluiu.