Polícia Civil investiga laboratório após transplantes com órgãos infectados por HIV

Diretoria da PCS Labs é suspeita de priorizar lucro em detrimento da segurança nos exames.

Da Redação
14/10/24 • 17h07

Seis pacientes receberam órgãos infectados pelo vírus HIV. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a possibilidade de negligência no controle de qualidade do laboratório PCS Labs, após a realização de transplantes com órgãos infectados pelo vírus HIV em seis pacientes. De acordo com a investigação, o laboratório emitiu exames que consideraram os órgãos livres do vírus, liberando-os para transplante.

O delegado André Neves, diretor do Departamento de Polícia Especializada, informou que a investigação identificou falhas na checagem da validade dos reagentes, produtos essenciais para detectar a presença do HIV no sangue. Ele explicou que reagentes vencidos podem resultar em exames falsamente negativos, colocando pacientes em risco.

“A análise dos reagentes era diária até dezembro, quando passou a ser semanal para reduzir custos. Essa decisão aumentou os riscos e será alvo de responsabilização criminal”, destacou o delegado.

Na operação realizada nesta segunda-feira (14), a Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e efetuou duas prisões. Foram presos Walter Vieira, sócio do laboratório, e um técnico envolvido nos exames. Outros dois alvos estão foragidos, segundo o delegado Wellington Oliveira, da Delegacia do Consumidor.

Oliveira acrescentou que a emissão de laudos falsos também está sendo investigada, ampliando as suspeitas de práticas ilícitas dentro do laboratório. “A quebra de controle de qualidade teve como objetivo maximizar o lucro, comprometendo a segurança dos pacientes,” afirmou.

As investigações prosseguem para apurar a extensão da responsabilidade e prevenir que casos similares ocorram novamente.