
Impactos climáticos ameaçam produção e preços de alimentos no Brasil
Variações climáticas podem afetar a produtividade de cítricos e hortaliças, resultando em aumento de preços ao consumidor.
Da Redação
18/09/24 • 12h40

As variações climáticas, com períodos alternados de calor e frio intensos, além da seca que facilita a disseminação de incêndios, estão colocando os produtores de alimentos do Brasil em alerta. De acordo com o economista Thiago de Oliveira, da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), os impactos podem afetar os preços dos alimentos, principalmente os cítricos, como laranjas e limões, até o final de 2024.
“A falta de umidade pode agravar problemas como o Cancro Cítrico e o Greening, que já levaram à erradicação de milhões de pés este ano em São Paulo”, alerta Oliveira. A previsão é de que, sem chuvas suficientes, o aumento de preços no atacado ocorra em outubro, refletindo no varejo pouco tempo depois.
Além dos cítricos, as hortaliças também podem sofrer elevação nos preços, especialmente em dezembro. Embora o clima seco tenha favorecido a colheita nas últimas semanas, ele compromete o plantio e o crescimento das plantas, afetando a oferta no mercado. Produtos como tomate e batata, que registraram queda de preços nos últimos meses, podem sofrer nova alta.
O economista destaca que o pequeno produtor é o mais vulnerável a essas variações, já que muitos não têm capital de giro ou condições para investir em medidas que mitiguem os impactos climáticos. “O cenário ainda não é de endividamento, mas a tendência de risco é alta, especialmente para quem não consegue diversificar a produção”, afirma.
As recentes queimadas no estado de São Paulo, alimentadas pela seca, também aumentam os desafios para os agricultores. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil do estado, as chuvas recentes ajudaram a conter 88% dos focos de incêndio, mas algumas regiões, como Itirapuã, Rifaina e Bananal, continuam a registrar incêndios ativos.
Enquanto a nebulosidade e as chuvas podem melhorar as perspectivas de produção, a Defesa Civil mantém a recomendação de cautela para evitar novos focos de incêndio, especialmente nas áreas do estado que não foram beneficiadas pelas precipitações.