
Delegado da Polícia Federal depõe em ação penal sobre assassinato de Marielle Franco
Catramby reforça tese de envolvimento de milicianos e interesses fundiários no caso que tramita no STF.
Da Redação
14/08/24 • 09h42

Nesta terça-feira (13), o delegado Guilhermo de Paula Machado Catramby, da Polícia Federal (PF), prestou depoimento no segundo dia de audiências de instrução no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018.
Catramby foi arrolado como testemunha de acusação pelo Ministério Público Federal (MPF) e seu depoimento foi conduzido pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
As audiências, realizadas por videoconferência, contaram com a participação dos réus, incluindo o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Outros réus, como o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira, também participaram remotamente. Todos estão presos e acompanham as audiências a partir de suas penitenciárias.
Durante as primeiras horas de depoimento, Catramby destacou os interesses fundiários dos irmãos Brazão na zona oeste do Rio de Janeiro e a relação deles com milícias locais. O delegado reiterou a tese apresentada em seu relatório final, sugerindo que a atuação de Marielle Franco contra um projeto de lei de regularização fundiária teria contrariado os interesses dos Brazão, levando-os a planejar seu assassinato.
Catramby também apontou supostas falhas nas investigações iniciais conduzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, mencionando lacunas como a coleta limitada de imagens de câmeras de segurança, que não cobriram toda a rota de fuga do veículo utilizado no crime. Além disso, ele relatou tentativas do primeiro delegado do caso, Giniton Lages, de forçar um miliciano preso, Orlando Curicica, a assumir a autoria do assassinato.
As audiências de instrução do caso Marielle seguem até a próxima sexta-feira (16).