Nível de endividamento dos consumidores brasileiros recua em julho

Pesquisa da CNC mostra queda no endividamento das famílias pela primeira vez desde fevereiro, atingindo 78,5%

Da Redação
02/08/24 • 10h35

É a primeira queda do indicador desde fevereiro. (Foto: Marcello Casal Jr.)

O nível de endividamento dos consumidores caiu de junho para julho, atingindo 78,5% das famílias brasileiras, uma redução de 0,3 ponto percentual, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada nesta quinta-feira (1º) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A pesquisa revelou que essa é a primeira queda no indicador desde fevereiro, embora o nível de endividamento ainda esteja acima do primeiro trimestre de 2024, quando foi registrado em 78,1%, e superior ao de julho de 2023, que também foi de 78,1%. Em fevereiro, o recuo foi de 78,1% para 77,9%.

O levantamento da CNC, realizado com 18 mil famílias de todo o país, considera dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

A análise por faixa de renda mostra que quanto menor o poder aquisitivo, maior é o endividamento. Entre as famílias com renda de até três salários mínimos, 81% estão com dívidas. O índice é de 79,6% entre os consumidores com renda de três a cinco salários mínimos, 76,7% para aqueles com renda entre cinco e dez salários mínimos, e 69,8% para famílias com renda acima de dez salários mínimos.

A CNC destacou que dívida não é necessariamente um comportamento financeiro negativo, pois pode estimular o consumo e aquecer a economia. No entanto, a preocupação surge quando as famílias começam a enfrentar dificuldades para honrar os pagamentos, o que caracteriza a inadimplência.

O percentual de famílias com dívidas atrasadas ficou em 28,8% em julho, o mesmo de junho. Há um ano, esse índice era de 29,6%. A parcela de famílias que afirmam não ter capacidade de pagar as dívidas foi de 11,9% em julho, comparado a 13% em outubro do ano passado.

O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas foi de 29,6% em julho, o quinto mês consecutivo de retração, vindo de 30,4%. O tempo médio de comprometimento com dívida ficou em 7,2 meses.

A principal modalidade de endividamento é o cartão de crédito, utilizado por 86% dos devedores. Em seguida, vêm os carnês (15,7%), crédito pessoal (10,6%), financiamento de casa (9,1%), financiamento de carro (8,4%) e crédito consignado (5,6%).

A CNC projeta que o índice de endividamento no país deve recuar em agosto e setembro, chegando a 78,2%. A partir de então, é esperada uma nova trajetória ascendente, com o índice fechando o ano em 78,4%. Em relação ao percentual de famílias com dívidas atrasadas, a tendência é de crescimento, com a previsão de finalizar 2024 em 29,5%.