
Ramagem afirma que conversa gravada tinha aval de Bolsonaro
Sigilo da conversa entre o ex-diretor da Abin, o ex-presidente da República, o ex-ministro do GSI e duas advogadas de Flávio Bolsonaro foi retirado por Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (15).
Da Redação
16/07/24 • 10h15

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou nesta segunda-feira (15) que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia da gravação de uma conversa que faz parte da investigação da Polícia Federal (PF) sobre a atuação ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), conhecida como “Abin Paralela”.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do áudio, que foi encontrado no celular de Ramagem, ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro, em uma das fases da investigação.
Na gravação, Ramagem, Bolsonaro e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, conversam com duas advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O diálogo ocorreu em agosto de 2020, quando as advogadas buscavam medidas para tentar anular a investigação contra Flávio, que foi investigado por “rachadinha” em seu gabinete quando era deputado estadual. Em 2021, a investigação foi anulada pela Justiça.
Em vídeo nas redes sociais, Ramagem afirmou que Bolsonaro sabia da gravação e que ela tinha o objetivo de registrar um possível crime contra o ex-presidente. Ramagem também disse que as advogadas de Flávio apresentaram “possíveis irregularidades” na investigação envolvendo a Receita Federal e sugeriram a atuação do GSI. Ramagem declarou que foi contra a sugestão, alegando que a inteligência não poderia tratar de dados de sigilo bancário e fiscal e que a atuação do GSI seria prejudicial.
Ramagem isentou Jair Bolsonaro da acusação de favorecer seu filho. Segundo ele, Bolsonaro pouco se manifestou durante a reunião e sempre afirmou que não queria favorecimento. No áudio, Bolsonaro e Heleno demonstraram preocupação com o vazamento da conversa.
Bolsonaro citou o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmando que ele teria pedido uma “vaga no Supremo” em troca de favorecimento para Flávio Bolsonaro. Witzel negou a conversa citada pelo ex-presidente. Em nota, Flávio Bolsonaro afirmou que o áudio mostra suas advogadas comunicando suspeitas de interesses políticos na Receita Federal para prejudicar sua família. O advogado de Heleno, Matheus Mayer, não se manifestou sobre o assunto.