Aumento dos casos de coqueluche na União Europeia deixa o Brasil em alerta

Brasil registrou 214 casos da doença no ano passado. Em nota técnica, Brasil recomenda ampliar vacinação contra a doença.

Da Redação
11/07/24 • 16h48

Em três meses, a Europa registrou mais de 32 mil casos da doença. (Foto: Freepik)

A coqueluche, uma doença respiratória antes controlada, está ressurgindo em várias partes do mundo. Na União Europeia, 17 países registraram um aumento significativo de casos. De janeiro a dezembro do ano passado, foram notificados 25.130 casos, e de janeiro a março deste ano, esse número subiu para 32.037. Em resposta aos surtos na Ásia e na Europa, o Ministério da Saúde do Brasil recomendou ampliar, em caráter excepcional, a vacinação contra a doença no país.

De acordo com o Ministério da Saúde, os registros confirmados de coqueluche no Brasil foram de 159 casos em 2021, 244 casos em 2022 e 214 casos em 2023. A doença afeta principalmente crianças menores de 1 ano, seguidas pelas faixas de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos. Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche é uma infecção respiratória que provoca crises de tosse seca. A transmissão ocorre pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala, e, em algumas situações, por objetos contaminados. A doença tende a se espalhar mais em climas amenos ou frios.

“Um adulto, mesmo vacinado quando bebê, pode se tornar suscetível novamente à coqueluche, pois a vacina perde eficácia com o tempo,” alerta a enfermeira Keydilane Sampaio de Sousa Abade, professora do IDOMED. “A imunização de crianças nos primeiros meses de vida é crucial,” reforça. Os sintomas da coqueluche variam em três níveis: inicialmente, são semelhantes aos de um resfriado, incluindo mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. No estágio intermediário, a tosse seca piora, tornando-se severa e descontrolada, podendo comprometer a respiração, causar vômito e cansaço extremo. Os sintomas geralmente duram entre seis e dez semanas.

A maioria dos casos e mortes por coqueluche ocorre em crianças menores de um ano, especialmente nos primeiros seis meses de vida, quando ainda não se completaram as três doses da vacina. “Essa é uma preocupação das autoridades de saúde. Todas as crianças precisam urgentemente da atualização de seus calendários vacinais para estarem realmente protegidas contra a doença,” enfatiza Keydilane Sampaio de Sousa Abade. A atualização da caderneta de vacinação é a medida preventiva mais eficaz para reduzir a transmissão da coqueluche, especialmente nos ambientes escolares.

No Brasil, a última grande epidemia de coqueluche ocorreu em 2014, com 8.614 casos confirmados. Entre 2015 e 2019, os casos variaram entre 3.110 e 1.562. A partir de 2020, houve uma queda significativa nos registros, atribuída à pandemia de COVID-19 e às medidas de isolamento social. No entanto, entre 2019 e 2023, todas as 27 unidades federativas do país notificaram casos de coqueluche.