
Próxima cúpula do Mercosul deve ter o ingresso da Bolívia no bloco econômico
Aprovação depende dos parlamentos dos países-membros, o que é esperada.
Da Redação
04/07/24 • 12h00

A próxima reunião de cúpula do Mercosul, marcada para segunda-feira (8) em Assunção, terá como destaque o anúncio do ingresso pleno da Bolívia no bloco comercial. A aprovação pelos parlamentos dos países-membros, incluindo o boliviano, é aguardada.
A secretária para a América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, destacou a importância dessa reunião. Nesta quarta-feira (3), a embaixadora apresentou os pontos principais da reunião entre os presidentes do bloco, mencionando a expectativa de que o Senado boliviano aprove a entrada do país no Mercosul, última etapa antes do anúncio oficial.
Com a entrada da Bolívia, o Mercosul passará a ter seis membros efetivos, embora a Venezuela esteja suspensa do bloco por tempo indeterminado. “Esperamos dar boas-vindas à Bolívia”, afirmou Gisela, considerando esse o principal tema da cúpula. A Bolívia terá quatro anos para implementar todas as condicionantes exigidas de um país-membro do Mercosul.
A embaixadora também reiterou a posição do governo brasileiro, que condenou uma tentativa de golpe frustrada na semana passada na Bolívia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o país vizinho após a cúpula do Mercosul para expressar solidariedade ao presidente Luis Arce e participar de reuniões bilaterais.
Estão previstas ainda reuniões de Lula com empresários brasileiros e bolivianos na região de fronteira. Os temas em pauta incluem migração e segurança, com ênfase no combate ao narcotráfico.
Em relação a assinaturas de acordos, Gisela mencionou que os grandes entendimentos comerciais já foram realizados, restando acordos “residuais” a serem firmados. Entre os novos entendimentos, está um acordo para aumentar a capacidade da Usina Hidrelétrica de Jirau, um acordo de fomento à produção cinematográfica e um memorando sobre prevenção e combate a desastres naturais. Também será formado um novo comitê para identificar e resolver entraves ao comércio entre os países do bloco.
O Itamaraty expressou desapontamento com o anúncio de que o presidente argentino Javier Milei não participará da cúpula do Mercosul no Paraguai. Segundo o ministério, essa será a primeira vez que um chefe de Estado deliberadamente não comparece à reunião. A embaixadora Gisela Padovan afirmou que, embora não seja o ideal, isso não altera a substância da cúpula devido à maturidade do Mercosul. Milei confirmou que pretende comparecer à Conferência Política de Ação Conservadora (Cpac) em Santa Catarina, onde deve se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O Itamaraty não comentou os recentes ataques de Milei contra Lula nas redes sociais.