Usina Nuclear Angra 1 precisa de aval para seguir em operação em 2025

Licença de operação da primeira usina nuclear do Brasil vence em dezembro de 2024.

Da Redação
25/06/24 • 17h54

Com a licença renovada, a usina planeja investir R$ 3 bilhões até 2028. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

Angra 1, a primeira usina nuclear do Brasil, está prestes a completar quatro décadas de operação, com sua licença de 40 anos para geração de energia expirando em 23 de dezembro de 2024. Para continuar operando em 2025, Angra 1 precisa obter uma renovação dessa licença.

Em 2019, a Eletronuclear, empresa estatal responsável pela usina, solicitou à Comissão de Energia Nuclear (Cnen) a renovação da licença de operação por mais 20 anos. O processo está em fase de análise de certificados técnicos. Em 2023, a Eletronuclear enviou à Cnen 16 relatórios que incluem avaliações de segurança definidas pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). A Cnen respondeu com 166 exigências, que foram analisadas e devolvidas pela Eletronuclear em abril de 2024.

Em dezembro de 2023, a Eletronuclear submeteu à Cnen a Reavaliação Periódica de Segurança (RPS), que é realizada a cada dez anos e, nesta edição, foca no processo de Operação de Longo Prazo (LTO). O documento inclui itens como desempenho de segurança, planejamento de emergência, impacto radiológico no meio ambiente, gerenciamento e cultura de segurança, qualificação de equipamentos e uso de experiências de outras usinas.

Para facilitar a renovação, a Eletronuclear também se inscreveu no processo License Renewal Application nos Estados Unidos, onde o órgão regulador Nuclear Regulatory Commission (NRC) concede a autorização. Esta licença estrangeira é relevante porque Angra 1 foi adquirida da empresa americana Westinghouse, e o certificado internacional facilita a renovação no Brasil.

Segundo Abelardo Vieira, superintendente de Operações de Angra 1, a renovação de licenças para usinas nucleares é comum no exterior, com 98 usinas nos EUA estendendo suas licenças de 40 para 60 anos, sendo 45 delas da Westinghouse. Angra 1 recentemente recebeu uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica, que avaliou globalmente a segurança da usina e deu um desempenho positivo, aumentando as expectativas de que a renovação da licença brasileira seja concedida em breve.

Para aumentar a longevidade de Angra 1, a Eletronuclear investiu em melhorias como a troca dos geradores de vapor, da tampa do vaso de pressão do reator e dos transformadores principais, além de programas de gerenciamento da obsolescência e manutenção de estruturas de concreto. Com a licença renovada, a empresa planeja investir R$ 3 bilhões até 2028, incluindo a troca das turbinas de baixa pressão para aumentar a eficiência da geração de energia.