
Aumento de casos de leishmaniose preocupa autoridades de saúde
No Ceará, a maioria dos casos é da forma cutânea, especialmente nas Regiões Norte e Fortaleza.
Da Redação
09/04/24 • 10h00

Um aumento alarmante nos casos de leishmaniose está preocupando as autoridades de saúde. A doença, antes restrita a certas áreas, está se espalhando devido ao desmatamento. Segundo o boletim epidemiológico mais recente, de 2023, foram diagnosticados 2.437 casos entre 2018 e 2022, com média anual de 487. No Ceará, a maioria dos casos é da forma cutânea, especialmente nas Regiões Norte e Fortaleza, segundo o Grupo Técnico de Zoonoses da Sesa.
Kellyn Cavalcante, do Grupo Técnico de Zoonoses, aponta que o ambiente favorável ao mosquito palha, transmissor da doença, é criado pelo cultivo de plantas frutíferas próximas a residências e presença de animais domésticos. A limpeza e a higienização dos ambientes externos são essenciais para prevenir a propagação da doença, além do uso de repelentes.
“O cultivo de plantas frutíferas perto de casa, assim como a presença de galinheiros, chiqueiros de porcos, estábulos e anexos para a armazenagem das colheitas, cria um ambiente que favorece a circulação de mamíferos silvestres, prováveis reservatórios da doença. Isso porque perto do domicílio há grande disponibilidade de alimentos. Estar próximo de áreas desmatadas e de riachos também é fator de risco”, diz.
A leishmaniose é causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida pela picada de mosquitos infectados. Existem dois tipos: tegumentar, que causa feridas na pele, e visceral, que afeta órgãos internos. Kellyn Cavalcante destaca que o período de incubação médio é de dois a três meses. “Quem estiver com esses sintomas deve procurar o Posto de Saúde mais próximo”, orienta.
Animais silvestres e insetos são as principais fontes de infecção, mas cães e cavalos também podem ser hospedeiros. Ana Paula Gomes, da Cevet, ressalta que o acúmulo de matéria orgânica próximo às casas favorece a formação de criadouros para o mosquito. “A presença de lixo, fezes de animais domésticos, restos de comida e a forma inadequada de descarte das águas de uso doméstico, que mantêm os solos úmidos, ajudam na formação de criadouros do inseto”, destaca.