
PF indicia Bolsonaro, Mauro Cid e mais nove no caso das joias sauditas
Relatório parcial da investigação foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes.
Da Redação
04/07/24 • 09h30

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (4) o ex-presidente Jair Bolsonaro no caso das joias sauditas. O relatório parcial da investigação foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.
A investigação revelou a existência de uma organização criminosa destinada a desviar e vender presentes de autoridades estrangeiras durante o governo Bolsonaro. De acordo com as regras do Tribunal de Contas da União (TCU), esses presentes deveriam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), da Presidência da República, e não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro.
As investigações indicam que os desvios começaram em meados de 2022 e continuaram até o início do ano passado. As vendas eram realizadas pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Além de Bolsonaro, a PF indiciou mais 11 pessoas, incluindo Mauro Cid, seu pai, general Mauro Lourenna Cid, Osmar Crivelatti, Marcelo Câmara, e o advogado de Bolsonaro, Frederick Wasseff.
Com o indiciamento, o caso será encaminhado à Procuradoria-Geral da República, que decidirá se o ex-presidente e os demais investigados serão denunciados ao Supremo. Durante as investigações, a PF descobriu que parte das joias foi transportada para fora do país em uma mala no avião presidencial. Em um dos casos, o general Cid recebeu US$ 68 mil pela venda de um relógio Patek Philippe e um Rolex.
Entre os itens desviados estão esculturas folheadas a ouro recebidas por Bolsonaro durante uma viagem ao Bahrein em 2021. A defesa de Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente. O senador Flávio Bolsonaro, no entanto, criticou o indiciamento nas redes sociais, acusando a PF de perseguição.
O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, também foi indiciado. Em nota, ele considerou seu indiciamento pela PF ilegal, afirmando que apenas tomou conhecimento do caso das joias pela imprensa e orientou a entrega dos itens ao TCU. Ele classificou a ação da PF como arbitrária, injusta e persecutória, e um atentado ao seu direito de trabalhar.