Pesquisadores brasileiros desenvolvem bioplásticos que se degradam rapidamente

Iniciativa da UFRJ utiliza partículas de alimentos funcionais e promete impacto ambiental positivo.

Da Redação
08/08/24 • 10h38

Pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Macromoléculas das UFRJ. (Foto: Rafa Neddermeyer)

Pesquisadores brasileiros desenvolveram bioplásticos que se degradam rapidamente tanto em composteiras quanto no ambiente natural. O material inovador incorpora pequenas partículas encapsuladas de bioativos de alimentos funcionais, como cenoura e chia. Diferente dos plásticos sintéticos, esses bioplásticos não deixam resíduos que poluem o meio ambiente, protegendo a vida nos oceanos e a saúde humana.

A pesquisa é coordenada pela professora Maria Inês Bruno Tavares, do Instituto de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e teve dois artigos publicados recentemente na revista científica Journal of Applied Polymer Science, incluindo destaque na capa de maio.

A poluição por plástico é um dos maiores desafios ambientais da atualidade, conforme apontado pela ONU. Globalmente, um milhão de garrafas plásticas são compradas a cada minuto, e cerca de cinco trilhões de sacolas plásticas são usadas anualmente. Metade de todo o plástico produzido é descartável após um único uso .

Os bioplásticos desenvolvidos perdem 90% de sua massa em 180 dias em condições ideais de compostagem e degradam-se rapidamente mesmo quando descartados no ambiente. Por utilizarem alimentos funcionais em sua composição, esses bioplásticos degradam-se mais rápido do que os plásticos compostáveis tradicionais.

O ideal é que esses bioplásticos sejam descartados em composteiras, onde microrganismos reciclam materiais orgânicos, proporcionando condições ideais de degradação.

Para lidar melhor com o lixo produzido e reduzir o microplástico no ambiente, é necessário que “tudo que é possível ser biodegradável, seja biodegradável. O que não é possível deve ter o descarte correto, reuso e reciclagem,” orienta Tavares. Isso inclui incineração para resíduos hospitalares e medicamentos.

A pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), está em processo de patenteamento, e a equipe busca empresas interessadas em produzir os bioplásticos. “O Brasil pode sair na frente pela dimensão e capacidades que tem,” conclui Tavares.