
Perfil dos pós-graduados no Brasil mudou nos últimos 25 anos, indica CGEE
“Brasil: Mestres e Doutores” revela uma desconcentração regional na pós-graduação brasileira.
Da Redação
05/06/24 • 17h30

O Brasil formou e empregou mais mestres e doutores em 25 anos, com cursos melhor distribuídos entre as regiões e um aumento na presença de mulheres pós-graduadas. No entanto, persistem assimetrias históricas, como a remuneração mais baixa das mestras e doutoras em comparação aos homens com a mesma formação. A proporção de pessoas com essas qualificações ainda é baixa na sociedade.
O estudo “Brasil: Mestres e Doutores”, produzido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), supervisionado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), revela uma desconcentração regional na pós-graduação brasileira entre 1996 e 2021. Em 1996, a Região Sudeste concentrava 62% dos cursos de mestrado e 79,2% dos cursos de doutorado, mas essa participação caiu significativamente em 25 anos, para 42% e 50%, respectivamente.
A geografia das titulações também mudou. Em 1996, 67,4% dos títulos de mestrado e 88,9% dos títulos de doutorado foram concedidos na Região Sudeste. Em 2021, esses números diminuíram para 43,5% e 52,5%, respectivamente. A redistribuição da pós-graduação no Brasil deve-se à mobilidade de mestres e doutores para outras regiões e ao aumento da formação local.
A pesquisa mostra que a proporção de doutores e mestres com carteira assinada no Sudeste caiu entre 2009 e 2021. Em 2009, 55,1% dos doutores e 49,2% dos mestres estavam empregados no Sudeste. Em 2021, esses números caíram para 45,6% e 43,9%, respectivamente. A mobilidade e a formação local reduziram a necessidade de “importação” de profissionais.
Entre 1996 e 2021, o número de programas de mestrado e doutorado aumentou de 608 para 4.691. Contudo, o crescimento desacelerou entre 2016 e 2021. Em 2021, o Brasil tinha 27 mestres e 10,2 doutores para cada 100 mil habitantes, números considerados baixos em relação à população.
O estudo destaca a desigualdade de remuneração entre homens e mulheres pós-graduados. Em 2021, a remuneração média das mulheres com mestrado era 26,7% menor que a dos homens, e das doutoras, 16,4% menor que a dos doutores. Apesar disso, as mulheres são maioria nos cursos de pós-graduação desde 1997 no mestrado e desde 2003 no doutorado.
O setor público emprega mais mestres e doutores, especialmente devido às universidades públicas federais e estaduais. No entanto, há uma crescente demanda por profissionais qualificados no setor privado. Empresas privadas passaram a empregar 25% dos mestres, principalmente em setores estratégicos que necessitam de desenvolvimento tecnológico e inovação.