
Número de diretores de escolas estaduais contratados por indicação cai
Percentual de diretores que chega ao cargo por meio de processo seletivo chegou a 26,1% em 2023.
Da Redação
15/07/24 • 15h00

Mais diretores da rede estadual de educação estão chegando ao cargo por meio de processo seletivo e eleição da comunidade escolar. O percentual, que foi de 12,7% em 2019, chegou a 26,1% em 2023. Por outro lado, houve queda no número daqueles contratados exclusivamente por indicação da gestão, passando de 24% em 2019 para 20% em 2023. Os dados são de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (15) com informações de todas as regiões do Brasil.
O levantamento, elaborado a pedido do Instituto Unibanco, combina dados do Censo Escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Especialistas apontam que a forma de acesso ao cargo de direção e a origem dos profissionais têm impactos significativos na rotina escolar.
Segundo Duda Quiroga, do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ), a eleição direta é uma reivindicação histórica dos sindicatos. “É a possibilidade de escutar a comunidade escolar e pensar em um projeto político-pedagógico com quem já tem um compromisso histórico com a rede”, afirma. Ela acrescenta que os contratados por indicação podem ser vistos como interventores e ter uma visão passageira da realidade escolar.
A pesquisa também detalha o perfil dos diretores. Em 2023, 50,6% dos diretores de escolas estaduais eram brancos, 24,8% pardos, 4,5% pretos e 17,6% não declararam cor/raça. O cargo, que era ocupado majoritariamente por mulheres em 2011 (76,4%), passou a ter 66,5% de mulheres e 33,5% de homens em 2023. Em relação à faixa etária, em 2023, 50% dos diretores tinham 50 anos ou mais.
Quanto à formação, em 2023, 38% dos diretores tinham graduação em pedagogia e 55,2% em outras áreas da educação. O percentual de diretores com curso de formação em gestão escolar variou bastante entre os estados. Em 2023, o Piauí tinha entre 90 e 100% de diretores com essa formação, enquanto outras unidades federativas apresentavam percentuais menores.
O estudo revela que a capacitação inicial dos diretores é insuficiente, dificultando a geração de uma educação de qualidade. “Se os professores são mal formados e os diretores não recebem formação adequada, é difícil melhorar a educação”, diz João Marcelo Borges, do Instituto Unibanco.
O levantamento destaca que a carga de trabalho dos diretores aumentou durante a pandemia de Covid-19. Em 2021, mais de 60% dos diretores trabalhavam acima de 40 horas semanais. As principais atividades eram coordenar atividades administrativas e gerenciar recursos financeiros. As escolas também enfrentam desafios como falta de recursos e de pessoal, afetando o funcionamento escolar.