
No Brasil, falta de água potável prejudica mais crianças negras e indígenas
Análise foi divulgada pela Unicef com base nos dados do Censo 2022
Da Redação
22/03/24 • 19h08

No Brasil, 2,1 milhões de crianças e adolescentes de zero a 19 anos vivem sem acesso adequado à água potável, revelam dados divulgados nesta quinta-feira (21), véspera do Dia Mundial da Água. O percentual de crianças e adolescentes negros sem acesso adequado à água é de 4,7%, o dobro do registrado entre brancos, de 2,2%.
Entre crianças e adolescentes indígenas, esse percentual é 11 vezes maior do que o de brancos (25%). Os 15 estados com maiores percentuais de crianças e adolescentes sem acesso adequado à água estão nas regiões Norte e Nordeste do país, conforme análise do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com base no Censo Demográfico 2022, do IBGE.
Segundo o Censo Escolar 2023, 1,2 milhão de estudantes estão matriculados em 7,5 mil escolas públicas que não têm água potável, sendo que 184 mil estão em 2,7 mil escolas onde o acesso à água é inexistente. O acesso precário ou inexistente à água pode gerar problemas que prejudicam o desenvolvimento de crianças e adolescentes em idade escolar, alerta o Unicef, podendo levar ao risco de doenças, abandono ou atraso escolar e aumento das desigualdades.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2016 indicam que 20% das mortes de crianças abaixo de 5 anos, por ano, no mundo, têm como causa a diarreia. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz de 2022 estimou que crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia em comparação com outros grupos populacionais.