
Médicos alertam sobre a importância da vacinação de gestantes no pré-natal
Especialistas expressam preocupação com a cobertura da vacina dTpa no Brasil.
Da Redação
10/06/24 • 09h55

A cobertura da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular) foi de 75% em 2023. Essa vacina, aplicada principalmente em gestantes, protege recém-nascidos contra coqueluche, e também a gestante e o bebê contra tétano e difteria. Muitas mulheres grávidas, no entanto, não estão se vacinando.
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, explica que a hesitação vacinal é causada por vários fatores, sendo o maior a falta de percepção de risco. Durante a pandemia de covid-19, com altos índices de mortalidade, a demanda por vacinas era alta. Hoje, mesmo com a covid-19 ainda causando centenas de mortes por semana, a adesão às doses de reforço é menor. Cunha destaca a necessidade de boa comunicação em tempos de desinformação, especialmente porque até profissionais de saúde têm disseminado desinformações, afetando grávidas e responsáveis por crianças.
A última vez que o Brasil teve um surto de coqueluche foi em 2014. O Ministério da Saúde alertou sobre o aumento de casos em vários países, que pode chegar ao Brasil. Até abril, foram confirmadas 31 infecções, com mais de 80% delas em bebês de até seis meses. O Sistema Único de Saúde (SUS) vacina bebês contra coqueluche a partir dos dois meses, completando o esquema aos seis meses. Assim, a vacinação durante a gravidez é crucial para proteger os recém-nascidos.
A ginecologista Nilma Neves ressalta que os profissionais de saúde que acompanham o pré-natal devem não apenas prescrever as vacinas, mas também verificar se foram tomadas e esclarecer dúvidas das gestantes. Muitas mulheres têm receio de tomar vacinas ou medicamentos durante a gravidez. A falta de acesso aos postos de saúde, que não funcionam aos sábados e têm horários restritos para vacinação, também dificulta a cobertura vacinal.
A vacina contra a gripe, mesmo com o Dia D aos sábados, não alcança a meta de cobertura. Mais de 1,7 milhão de grávidas fazem parte do público-alvo, mas menos de um quarto se vacinou. A vacina protege contra três cepas do vírus Influenza, que pode causar Síndrome Respiratória Aguda Grave. A covid-19, outro causador da síndrome, também pode levar a complicações graves na gravidez. Gestantes e puérperas devem tomar a nova vacina monovalente XBB da Moderna, disponível no SUS.
A diretora médica de vacinas da Adium, Glaucia Vespa, explica que as vacinas passam por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem disponibilizadas ao público. Desde o início da vacinação contra a covid-19 em 2021, quase 2,3 milhões de mulheres foram vacinadas. A estratégia de vacinação das gestantes deve envolver toda a família, criando um círculo de proteção para o bebê. A vacina contra hepatite B e a imunização com a DT (difteria e tétano) também são recomendadas para gestantes pelo SUS.