IDH brasileiro retrocedeu seis anos a partir da pandemia, aponta PNUD

Retrocesso médio no Brasil foi de 22,5% no período.

Da Redação
29/05/24 • 08h30

Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil está comparado com o de seis anos antes da crise. (Foto: Agência Brasil)

A pandemia de Covid-19 impactou o desenvolvimento humano globalmente, com efeitos mais intensos na América Latina. No Brasil, resultou em um retrocesso médio de 22,5%, equivalente a voltar ao estado de desenvolvimento humano de seis anos antes do início da crise. Esse dado foi apresentado em um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), lançado na terça-feira (28), em Brasília. O estudo analisou a trajetória do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre 2012 e 2022 e os impactos da crise sanitária.

O desenvolvimento humano é medido por três dimensões: longevidade da população, renda e educação. Segundo Betina Barbosa, coordenadora de Desenvolvimento do PNUD, o relatório revela que o Brasil perdeu dez anos de melhoria no IDH longevidade, dez anos no IDH renda e dois anos no IDH educação.

Betina destacou que, assim como a pandemia afetou os países de maneiras diferentes, as populações também sofreram impactos distintos. Mulheres negras foram as mais vulneráveis em termos de desenvolvimento e oportunidades. Elas chefiam 27% dos lares brasileiros, que representam quase 30% da população e abrigam 34% das crianças e jovens até 14 anos. No entanto, esses lares recebem apenas 16% do rendimento total do Brasil.

A pesquisadora projeta que a maior parte da população futura do país será composta por negros e pardos, como já ocorre no Norte, onde esse grupo representa 80%. Diante dessa vulnerabilidade, o estudo recomenda um novo pacto para o desenvolvimento humano focado em educação, saúde e renda, considerando raça e gênero.

Durante o lançamento do relatório, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou que o estudo é uma ferramenta crucial para repensar políticas públicas. Ela ressaltou a importância de combater as desigualdades e valorizar a diversidade, alinhando-se com as prioridades do governo Lula.

O relatório também revelou dados inesperados sobre a relação entre desenvolvimento humano e taxas de mortalidade durante a pandemia. Estados com maior IDH, como Rio de Janeiro e Paraná, registraram altas taxas de mortalidade, enquanto o Maranhão, com o menor IDH do país, teve uma taxa de mortalidade tão baixa que, se replicada nacionalmente, poderia ter reduzido as mortes pela metade entre 2020 e 2021.

Segundo Betina, o Maranhão alcançou esses resultados por meio de 487 medidas de combate à Covid-19, incluindo a compra conjunta de medicamentos e a mobilização de leitos entre estados, fortalecendo a resposta à crise.