
Estudo aponta que escolas com mais alunos negros têm piores estruturas
Análise feita pelo Observatório da Branquitude revelou que as escolas públicas com maioria de negros tem mais infraestruturas precárias.
Da Redação
16/04/24 • 12h12

Um estudo divulgado pelo Observatório da Branquitude revelou que as escolas públicas de educação básica com uma maioria de estudantes negros apresentam infraestruturas educacionais mais precárias do que aquelas com uma maioria de alunos brancos. Os dados mostram que 69% das escolas com as melhores infraestruturas têm uma maioria de alunos brancos. Por exemplo, 74,69% das escolas majoritariamente brancas possuem laboratório de informática, em comparação com apenas 46,90% das escolas de maioria negra.
O estudo também aponta disparidades na presença de bibliotecas e quadras esportivas. Enquanto 55,29% das escolas de maioria branca possuem bibliotecas, menos da metade das escolas de maioria negra (49,80%) têm esse equipamento. Quanto às quadras esportivas, cerca de 80% das escolas majoritariamente brancas possuem, em comparação com apenas 48% das escolas de maioria negra.
A pesquisadora Carol Canegal ressalta que essas diferenças refletem uma desvantagem para os estudantes negros em comparação com os brancos. Ela argumenta que essa desigualdade está enraizada no histórico de relações raciais no país e contribui para a persistência dessas disparidades, especialmente no ciclo mais longo do sistema educacional brasileiro, que abrange desde o ensino infantil até o ensino médio.
O estudo, intitulado “A cor da infraestrutura escolar: diferenças entre escolas brancas e negras”, foi elaborado com base em dados do Censo Escolar e do Indicador de Nível Socioeconômico (Inse) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Ele revela que a maioria das escolas majoritariamente negras concentra alunos nos níveis socioeconômicos mais baixos, enquanto as escolas majoritariamente brancas concentram estudantes nos níveis socioeconômicos mais elevados. Essas disparidades indicam uma diferença significativa de oportunidades enfrentadas pelos estudantes, destacando a necessidade de políticas de ação afirmativa que considerem a raça como critério de inclusão.