
Conflito entre Hezbollah e Israel desloca mais de 400 mil crianças no Líbano
Guerra afeta severamente educação e saúde, com risco de uma “geração perdida”.
Da Redação
15/10/24 • 16h30

Mais de 400 mil crianças foram deslocadas no Líbano nas últimas três semanas devido ao conflito entre o Hezbollah e Israel, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta terça-feira. Ted Chaiban, diretor executivo adjunto do Unicef para ações humanitárias, destacou que a guerra já privou 1,2 milhão de crianças de acesso à educação no país.
Durante visita a escolas transformadas em abrigos para famílias deslocadas, Chaiban alertou para o risco de uma “geração perdida”, considerando que muitas crianças libanesas, sírias e palestinas estão sem acesso à aprendizagem. “As escolas públicas estão inacessíveis ou danificadas pela guerra, e muitas estão sendo usadas como abrigos”, explicou.
Mais de 2.300 pessoas morreram em ataques israelenses no Líbano, com 75% das mortes ocorridas no último mês, segundo o Ministério da Saúde libanês. Além disso, 100 crianças foram mortas e mais de 800 ficaram feridas nas últimas três semanas.
As condições nos abrigos superlotados são críticas, com três a quatro famílias por sala de aula e 1.000 pessoas compartilhando 12 banheiros. Muitas famílias também se refugiaram em tendas ao longo das estradas ou em praias públicas. O sistema de saúde do país foi gravemente afetado, com mais de 100 unidades de saúde e 12 hospitais fora de serviço ou operando de forma limitada.
O fornecimento de água também sofreu danos, com 26 estações prejudicadas, afetando quase 350 mil pessoas. A Unicef está trabalhando para reparar a infraestrutura, mas enfrenta dificuldades devido ao baixo financiamento: apenas 8% dos US$ 108 milhões necessários para a resposta de emergência foram arrecadados.
Chaiban destacou a necessidade urgente de um cessar-fogo para evitar maiores destruições e sofrimento. “A situação exige uma vontade política para encerrar essa escalada de violência e evitar a catástrofe humanitária que já vimos em Gaza”, afirmou.
Israel intensificou sua campanha militar contra o Hezbollah nas últimas semanas, o que levou ao deslocamento de 1,2 milhão de pessoas, principalmente para Beirute e o norte do país. Chaiban enfatizou que a infraestrutura civil deve ser protegida, pedindo esforços diplomáticos para resolver o conflito por meios pacíficos.