
12,5% das mulheres negras enfrentam insegurança alimentar no Brasil
Estudo do Observatório Brasileiro das Desigualdades destaca as vulnerabilidades de grupos marginalizados.
Da Redação
28/08/24 • 14h45

O último relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades, divulgado nesta terça-feira (27) em evento na Câmara dos Deputados, revela que 12,5% das mulheres negras no Brasil estão em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. O documento também destaca que a desigualdade racial e de gênero continua a impactar profundamente a vida dessas mulheres.
De acordo com o relatório, a insegurança alimentar afeta 12,3% dos homens negros, enquanto entre os não negros, as porcentagens caem para 5,8% entre mulheres e 5,5% entre homens. O estudo também aponta que o rendimento médio mensal de uma mulher negra é apenas 42% do que ganha um homem não negro, além de estarem mais desempregadas, com uma taxa de 11,5%, em comparação com 5,2% dos homens não negros.
O relatório revela ainda que a situação das crianças indígenas também é preocupante, com 16,1% dos meninos e 11,1% das meninas sofrendo de desnutrição. Oded Grajew, membro do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, ressaltou a importância de direcionar políticas públicas para os grupos mais vulneráveis e marginalizados, como as mulheres negras.
Apesar dos desafios, o relatório também apresenta dados positivos, como a queda de 40% na proporção de pessoas em extrema pobreza, com maior redução entre mulheres negras. Além disso, houve uma redução de 20% no desemprego e um ganho real de 8,3% no rendimento médio. O acesso ao ensino superior por mulheres negras entre 18 e 24 anos também aumentou em 12,3%, atingindo 19,2%.
Outro estudo divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis em parceria com o IPEC, também apresentado no evento, analisou a percepção da desigualdade no país. Embora 70% das pessoas relatem melhorias em relação às condições de vida de seus pais, a percepção de melhoria nos últimos cinco anos é menor, especialmente entre as classes D e E.
As conclusões do relatório reforçam a necessidade de aperfeiçoamento das políticas públicas e do sistema fiscal para reduzir as desigualdades e garantir uma sociedade mais justa e igualitária, onde as pessoas mais vulneráveis possam ter melhores oportunidades e condições de vida.